Um aspecto misterioso do comportamento humano é a mania de falar bem de defunto. O sujeito pode ser o maior crápula, mas quando morre dá descarga nos defeitos e só aparecem virtudes. Parece que virou santo. Este comportamento é antigo e teria começando com os romanos. Eles elogiavam o finado em voz alta, para serem ouvidos, para que a alma do morto não viesse assustar ninguém, o que acreditavam ser possível caso fosse difamado. Domingo de manhã eu encontrei no Largo da Ordem, perto da barraca das empanadas argentinas do Edson, um amigo, o Juvenal. Ele olhava quadros de artistas populares e, quando me viu, a primeira coisa que fez foi perguntar:
“Rapaz, você não sabe quem morreu?”
Continue reading